terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O Si-mesmo nos sonhos

O Si-mesmo é o centro regulador da psique e controla, também, os sonhos da pessoa. Os sonhos possuem um papel fundamental na integração de aspectos inconscientes, harmonização dos conflitos internos, além de conterem, muitas vezes, “avisos” premonitórios. E é através deles que o Si-mesmo pode se comunicar simbolicamente com o Eu.

            No mundo onírico aparecem situações e pessoas que muitas vezes não são do agrado do Eu. As tarefas do ‘ego onírico’ não são escolhidas, mas dadas; tudo acontece como se fosse uma realidade distinta da pessoa que está sonhando. Esta sensação ocorre porque não é a consciência nem o Eu (seu centro) que regulam os sonhos, mas sim o Si-mesmo, que possui uma “visão” mais abrangente e “sabe” que situação a pessoa precisa passar.

     “Esse diálogo entre o ego vigil e o sonho, mediado pelo ego onírico, é parte do mais amplo diálogo entre o ego e o Si-mesmo. O Si-mesmo não aparece freqüentemente em imagens oníricas, pelo menos de maneira reconhecível. É, mais amiúde, visto como o construtor invisível do sonho, aquela força da psique que não só organiza as cenas e a ação mas também atribui ao ego onírico um papel especial.”*

            O Si-mesmo também pode aparecer no sonho de uma maneira mais explícita. Quando isto ocorre, é provável que o Eu esteja precisando se estabilizar. Isto porque “tende a existir uma relação recíproca entre a estabilidade do ego e a manifestação do Si- mesmo numa forma estável.”* É comum, por exemplo, que o Si-mesmo apareça ao sonhador na forma de uma mandala ou de um edifício redondo com uma fonte no pátio central, etc. A maioria desses símbolos apresentam a forma circular, pois dá a idéia de integração, de equilíbrio entre os opostos.

            Além das formas já mencionadas, “o Si- mesmo pode aparecer como uma voz, assim como a ‘voz de Deus’, que parece vir de ‘todas as partes’ e, em geral, possui um sentido de indiscutível integridade e correção, parecendo simplesmente afirmar as coisas como na realidade elas são, sem lugar para discordâncias.” * Nesse sentido, o Si-mesmo pode estar exercendo um papel revelador ao invés de simplesmente compensar uma estrutura fraca do Eu. Essas revelações podem estar ajudando a impulsionar o processo de individuação, tornando o diálogo Eu – Si-mesmo mais natural e freqüente, uma vez que o sujeito busca a realização do Si-mesmo.

* Citações do livro: ‘Jung e a interpretação dos sonhos’ (James Hall)

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